quarta-feira, 9 de setembro de 2009

por Silvana Aguiar dos Santos








Nos últimos anos, especialmente depois da oficialização da LIBRAS e sua regulamentação recente em dezembro de 2005, os processos de formação e profissionalização para intérpretes de língua de sinais tem despontado em termos acadêmicos. Vários movimentos de profissionalização/formação podem ser mencionados, qual seja: curso de Letras-LIBRAS Bacharelado promovido pela Universidade Federal de Santa Catarina, cursos de especializações na área da tradução/ interpretação de língua de sinais em diversas universidades brasileiras, bem como, as investigações em andamento realizadas por intérpretes pesquisadores, quer seja mestrado, doutorado ou graduação. Estamos falando de um outro lugar de enunciação como diria Bhabha, estamos falando do “nosso lugar”, isto é, intérpretes pesquisando e teorizando suas práticas. Isto tem um valor imensurável para uma categoria que se pretende tornar visível e respeitada academicamente. Estamos cada vez mais nos aproximando dos Estudos da Tradução, e junto com esta grande área, nos afiliando aos mais diferentes referenciais teóricos. Alguns com pesquisas no campo dos Estudos da Tradução e sua relação com os Estudos Culturais, outros “interfaciando” Estudos da Tradução e Lingüística, outros ainda, Estudos da Tradução e Análise do Discurso. Minha pesquisa trata justamente deste cenário. Quais são os efeitos que os Estudos da Tradução têm causado na formação de intérpretes de língua de sinais? Quais os elementos que constituem pontos significativos de mudança no discurso de intérpretes de língua de sinais, na medida em que estes se aproximam cada vez mais do campo disciplinar Estudos da Tradução? Este trabalho está em andamento, precisa ser lapidado, costurado, moldado, para então atingir seu objetivo maior que é problematizar e analisar junto com os participantes da pesquisa, as mudanças discursivas que se tornam evidentes no campo da interpretação de língua de sinais. Ex: o efeito que contém uma simples argumentação do tipo “eu não sei interpretar este assunto” para um discurso que afirma: “eu não tenho competência referencial para interpretar este assunto” demarca mudanças argumentativas, práticas e produção de saberes para esta categoria. Esses movimentos merecem ser considerados como parte de uma política de tradução necessária no país, que sustente cada vez mais o que hoje presenciamos no X Encontro Nacional de Tradutores, a presença maciça de intérpretes de língua de sinais apresentando seus trabalhos e falando de “nós” para “nós” e para os “outros”.

3 comentários:

  1. Concordo plenamente com você Silvana, bela reflexão!!!!!
    Cris Luna

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  2. Esse é o momento, esse é o processo.. bora estudar galera. ehhe

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  3. como sempre, direta ao assunto....explicativa, mostrando-nos sempre sua capacidade de inteligencia....Parabens........

    sempre........

    Clóvis Silva.

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